Muito se fala actualmente em comércio electrónico e na alteração de comportamento do consumidor que, em muitas circunstâncias, prefere realizar digitalmente as suas compras em vez de ‘perder tempo’ a deslocar-se às lojas e a escolher e transportar ele próprio os seus produtos.
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No entanto, quando se trata de produtos de grande consumo e, dentro destes, de produtos frescos, a transacção electrónica parece estar mais afastada da preferência dos consumidores. Se a compra de uma lata de atum, de um pack de cerveja, de uma embalagem de rolos de papel higiénico ou de uma espuma de barbear parece ser indiferente se é feita fisicamente ou digitalmente, já no peixe, na carne, nas frutas, nos vegetais ou nos queijos, o raciocínio, à partida, não será o mesmo.
A maior parte dos consumidores gosta de ver, de tocar, de cheirar esse género de produtos frescos antes de os comprar e com a densa rede de lojas e supermercados existentes em Portugal, não espanta que aproveite a visita aos espaços comerciais para comprar também os restantes produtos de supermercado de que precisa. É muito por isso que, em Portugal, as compras electrónicas não atingem sequer 1% das compras totais de bens de grande consumo.
A isso adicionam-se os custos de entrega ou a necessidade de estarem pessoas em casa para receber as compras, sendo que nem sempre as janelas horárias de entrega correspondem às nossas disponibilidades momentâneas. Por outro lado, quando as entregas envolvem produtos refrigerados ou congelados, o que com grande probabilidade acontece com as compras normais de supermercado, isso implica viaturas adequadas e custos aumentados.
Mas é também verdade que este estado de coisas pode vir progressivamente a mudar, seja porque as gerações mais novas tendem a converter o digital na norma e o convencional na excepção, seja porque novos operadores com novas propostas, seja em termos de serviço, seja ao nível dos prazos de entrega, poderão revolucionar o mercado, seja ainda porque os nossos ritmos de vida exigem perder cada vez menos tempo com hábitos relativamente rotineiros como são, para muitos de nós, a ida ao supermercado para fazer compras.
Ocorre frequentemente perguntarem-nos se a DosQueijos tem uma loja online e quando respondemos que não, vem sempre de seguida um: Porquê?… que seria muito interessante, que nos permitiria levar os nossos queijos mais longe, mesmo para países distantes… e por aí adiante. Aí somos nós a perguntar e estaria disponível para comprar estes queijos online? Sim, claro… Mesmo que para entregar dois ou três queijos tivesse que pagar mais não sei quanto? No ar fica logo a hesitação… E quantas vezes compraria? Haaa! Isso não sei…
Nesta altura, pelo menos, parece ainda pouco viável e, acima de tudo, nada rentável a ideia de montar uma loja online, ainda que complementar à actividade convencional que desenvolvemos. E parece-nos que esta nossa dificuldade é comum a uma grande parte dos produtores e daqueles que trabalham no mundo do queijo. Não por ignorância ou infoexclusão, mas porque a apetência do consumidor para a compra de produtos diferenciados por esta via parece ainda muito escassa. E é pouco interessante apostar na comercialização online também porque a operação logística associada continua a ser demasiado cara e incerta.
Lia há semanas um artigo que referia que o comércio online só se desenvolverá se os custos de entrega associados forem tendencialmente nulos. A questão, contudo, é que esses custos existem e o consumidor terá sempre, em última instância que os pagar, seja isoladamente, seja integrados no preço do produto. E, neste último caso, um preço descompetitivo, significa uma óbvia não venda.
Continua...
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